quinta-feira, 19 de novembro de 2009

As borrachas

Pessoal, vamos lá ver uma coisa. Toda a gente diz que não gostava de fazer isto e aquilo, e de ser isto e aquilo. "Eu não gostava nada de limpar casas-de-banho. Deve ser cá um nojo..." "Epá, eu cá não gostava de ser camelo. A vida toda no deserto... granda pincel!" Patatéu, patatéu, patatéu.
Por amor de Deus, se há coisa que eu não gostava de ser, e isto nunca ninguém pensou, de certeza (também porque eu penso em coisas que não passa na cabeça de ninguém que seja minimamente decente ou tenha juízo), era de ser uma borracha.
Epá, passar a minha vida toda a ser agarrado e depois raspado contra um papel... mãe do céu. Olhem vocês estarem a ter uma agradável conversa com um lápis ou uma caneta e, de repente, faz-se luz ao abrirem o estojo e um estropício qualquer pega em vocês, enquanto resmunga "granda bosta, enganei-me pá!" e pimba. ESFREGA-VOS E DERRETE-VOS DO NADA. Palhaços.
Pá, a única vantagem de ser uma borracha é que envelhece muito mais devagar que os outros materiais escolares. Passa mais tempo, conhece mais lápis, canetas e afia-lápis, entre outros, mas, por outro lado, tem uma morte mais lenta. Demora mais tempo a quinar.
Por falar nisso, seria giro conhecermos outros materiais escolares, não era? Se eu fosse um lápis, gostava de travar conversa com um afia-lápis. O pior é que a conversa seria muito badalhoca porque iria, inevitavelmente, parar a isto.
-Então Fifi (alcunha de afia), estás tranquilo? Olha, faz-me aqui um bico.
Mas se for uma caneta já é diferente.
-Mekie Fifi, tudo fixolas? Pá, faz-me aí...
Mas aqui lixam-se e é o afia quem ganha.
-MAS FAÇO-TE UM QUÊ,PÁ? NÃO FAÇO NADA, JÁ NÃO BASTA TER QUE FAZER SEMPRE SEXO ORAL COM OS LÁPIS. Palhaços...
Coitados, tenho pena deles também. Aliás, agora que estou a ver, tenho pena de muitos mais materiais escolares. Olhem o pincel. Deve andar triste o ano todo, coitado. Às tantas até é um gajo bem fixolas e toda a gente deve achá-lo, injustamente, chato, devido ao seu nome. Então se fôr alto, ouve merdas como:
-Olha vem ali o pincel.
-Porra, granda pincel...
Coitado, ele ainda nem falou, ainda nem chegou ao pé deles, já estão a dizer que estar com ele é um granda pincel.

Voltando à borracha, sabem que eu tive um cão que desapareceu? É verdade. Chamava-se Borracha. Um dia coçou-se, apagou-se...


PEÇO DESCULPA

1 comentário:

Maudie Esperanza disse...

sempre, sempre, sempre a fazer rir